Páginas

24 de mar. de 2013

O mistério do sentimento inexplicável

Não sei explicar o que sinto pela minha família. É um sentimento único: não é "só" amor, "só" respeito, "só" confiança, "só" lealdade. É um misto inexplicável. E, assim, são inexplicáveis também o meu sentimento e a minha relação com a Eve, minha irmã. Nem se quer tentarei: não ouso explicar o amor que nos une, a cumplicidade que brota desse amor, a confiança inigualável, a lealdade imensurável. 
Já moramos todos juntos - pai, mãe, Eve e eu. Já moramos nós - Eve, Cissa e eu. Hoje moramos distantes - distância física. Já brigamos, já fizemos as pazes, já cedemos, já ensinamos, já montamos planos e mais planos. Já fomos para a balada, já ficamos em casa, já acampamos, já viajamos, já... Já. Tenho 26 anos e sinto que já fizemos tudo que podíamos juntas: até os meus 26. Mas ainda existirão os 27, os 30, os 40, os 60, os...
E cada uma das fases a gente faz tudo o que pode, juntas. Mesmo que separadas, juntas. Posso ter vivido a minha faculdade em Guarapuava. Enquanto isso, a Eve estava distante fisicamente. Mas ela está aqui sempre. Para dar uma sugestão de pauta, trocar uma ideia ou ouvir um desabafo. Assim, a quilometragem nunca nos impediu de nos sentirmos juntas.
Sabe aquela pessoa que você sabe que vai estar lá para tudo à qualquer hora do dia ou da noite? Aquela mesma pessoa que você está disposta para tudo, todos, à qualquer hora? Amor de irmão é uma coisa muito estranha: brigamos - sempre existem as brigas de irmãos (ãs) -, mas que ninguém de fora venha mexer no vespeiro (o bicho pega!).
Nos últimos tempos, até mesmo as nossas desavenças têm me ajudado a ascender à vida adulta. Mesmo que não concorde com os argumentos da Eve, preciso pensar neles. E isso faz parte da minha ascendência. 
Tenho na Eve aquela pessoa para contar dos problemas às alegrias, das dificuldades às glórias. E ter dela todo o apoio para transcender dos problemas às glórias.
A Eve é fortaleza: dura na queda, ela não desmancha fácil. Ela encara de frente o que vier; ela luta. 
A Eve é humana: ela compadece, ela sofre. 
Quando o sofrimento é meu ou nosso, a Eve é o esteio. Ela foi o meu esteio no momento mais difícil que já vivi - daqueles que nem se imagina como pode ser. Ela toma a frente e vai à luta. Não titubeia. Daquele tipo que causa a minha inveja e desejo de ser igual: como pode ela não fraquejar? Como pode ela sentir tanto quanto eu e ainda assim ser tão forte, tão valente?
Poderia continuar por milhares de linhas "tentando" descrever o que sinto por ela e o que ela é para mim, mas seria infrutífero: jamais conseguiria traduzir em palavras.
Ao fim (desse texto, no auge dos 26, ok?), não sinto que seja esteio (embora esteja disponível!). Mas sei que ela sabe que estarei aqui sempre, para tudo. Ela não é heroína de quadrinhos. Ela é a Eve, das mulheres mais especiais, integras e corretas que já conheci. E se um dia ela quiser, viro a versão feminina do Robin e ela o super-herói.

Comentários
0 Comentários