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26 de mai. de 2009

certas coisas são necessárias...

Eu não gosto dela. Por motivos variados, eu não gosto dela. Só não digo que eu não a suporto, porque seria uma inverdade: afinal, eu tenho que suportar. Não tem saída. Quem sabe se eu não tivesse o “filtro” que a gente leva em conta para poder conviver em sociedade, muito provavelmente eu não conseguiria suportá-la.
O ato de dizer se instaura na relação com o outro.
Acredito que é fundamental a existência de um filtro. Imagina só a gente falando o que quer para qualquer um? E, um pouco pior, ouvindo tudo que os outros querem dizer?
Seria impossível a convivência. Ninguém se entende tão bem assim, ninguém se completa e se identifica tanto assim com outra pessoa.

Qualquer pessoa, com um pouco de “noção” sabe que o seu discurso é produzido em função do outro, daquele que vai ouvir o que você tem a dizer. Acho que esse filtro, que nos faz analisar quem vai receber o nosso discurso, é diferente de falsidade. Não digo que gosto dela quando ela se encontra, apenas não digo tudo que penso em relação ao seu comportamento e suas idéias. O que também não significa que eu fale isso quando ela não se encontra presente. Apenas penso. E, quando ela se faz presente, seleciono melhor o meu discurso. Todos fazemos isso na tentativa de manter uma relação social estável.
Já a falsidade caminha mais a frente. Quando não se separa essa espécie de “filtro” de falsidade, acreditam que a falsidade é inevitável e intrínseca a todos. Eu discordo justamente porque acredito no “filtro”. Se isso me faz uma pessoa falsa, não sei. Apenas acredito na necessidade do “filtro”.
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